As prisões de cada um

Eis um assunto que sempre me faz pensar: as prisões, principalmente as invisíveis, intocáveis aos olhos e tão sentidas pela alma. Todos nós temos as nossas prisões, algumas mais densas, outras mais sutis. Porém, é mais do que necessário despertarmos os olhos interiores para nos tornarmos realmente livres.
Algumas pessoas estão presas em castelos de cristais tão lindos e brilhantes, que iludem de imediato parecendo ser um pedaço do paraíso. Mas, possuem muros altos e muita escravidão emocional, psicológica e afetiva. Em troca da aparente beleza e harmonia desses castelos, de todo dinheiro, poder e possibilidades infinitas de fazer o que desejar nesta vida, está o alto preço: a alma, a essência, a liberdade de ser o que se é, assim, por inteiro. É aquela vida de faz de conta, bonita nos contos de fadas; angustiante e causa de muitas doenças na vida real.
Outras pessoas possuem tornozeleiras de ouro, até andam aparentemente livres, mas, são vigiadas pelo sistema social que aprisiona sem dó nem piedade. Estão presas por conceitos retrógrados ou relações possessivas e abusivas. Mentem para si mesmas: sou livre! Porém, precisam cuidar os passos, pois a tornozeleira monitora 24 horas por dia. E assim surgem mais angústias e sofrimentos, em conta gotas.
Ser realmente livre exige muita coragem! Quando optamos sair da prisão, incomodamos aqueles que ali decidem ficar, pois o fato é que essas prisões emocionais e psicológicas não têm cadeados, a porta está sempre entreaberta esperando uma decisão que somente nós podemos tomar, sem olhar para trás, sem arrependimentos ou incertezas.
Lendo este texto, você deve estar se perguntando se eu já me libertei de todas as minhas prisões, externas e internas. Minha resposta é: não, lógico que não! Estou em processo, algumas eu simplesmente escancarei a porta, noutras eu arrebentei a porta e saí sem nunca mais voltar, pois quando decido cruzar as portas das prisões, eu também queimo as pontes que me ligavam aquele caminho, assim como Napoleão Bonaparte costumava fazer em suas batalhas. E ainda há algumas prisões para serem superadas, mas estou mais perto do que nunca, sem medo, sem dúvidas, sem retroceder.
Um ser liberto assusta bastante aqueles que com ele convivem, mas também inspiram prisioneiros a darem o próximo passo. Sem crenças limitadoras que nos ligam a tudo que é socialmente aceito, a trabalhos e relações de todos os tipos frustradas, precisamos seguir em frente, pois ficar preso compromete a nossa vida e a de todos os outros, que acabam se tornando prisioneiros. Vale lembrar que a dor de hoje pode ser o seu maior sorriso de amanhã. Permita-se ser livre e liberte os outros também!