Lígia Rosso

A lição do filtro de café

Eis que o despertador me diz que já é hora de levantar… No horizonte, surge uma nova manhã, repleta de afazeres e compromissos! Tudo já começa num ritmo frenético, mesmo antes de sair de casa. Dia desses, numa das manhãs enlouquecidas pelo andar apressado dos ponteiros, tive uma lição do filtro de café que usamos aqui em casa: os infinitos minutos nos quais eu aguardava a água gentilmente passar pelo pó cheiroso do café, me serviram de reflexões matinais relevantes.

Começo pelo filtro, pois não deveríamos ir para o trabalho sem estarmos protegidos por um filtro bem grande que nos permita ouvir o outro e ajudá-lo. É necessário filtrar o que é ruim, ofertando a si mesmo e aos semelhantes o melhor “café”, ou seja, as melhores alegrias que a vida pode proporcionar. Enquanto eu pensava, fiquei ali, na frente da térmica, observando o movimento da água no pó do café e pensando que, devido à nossa rotina atual, muitas vezes deixamos de apreciar simples alegrias, e quantas vezes o nosso café diário está amargo e, mesmo adoçando, o gosto permanece ruim?

O barulho das gotas de café inundando a térmica antiga me trouxe a nostalgia da infância e o cheirinho ficou pela casa e na minha alma. Ganhei o dia naquela manhã! Logo depois, degustei meu delicioso café assim como penso que devemos degustar a vida… Aos poucos, sentindo o sabor de cada instante, pois não sabemos se teremos a chance de tomar outros cafés, pois viver é incerto demais.

E foi assim, com lições do filtro de café, que iniciei um dia da semana que tinha tudo para ser bem parecido com tantos outros, mas se tornou muito especial. Refleti e aprendi! Tenho procurado levar meu filtro mental na bolsa diariamente e, desde então, meu café matinal tem sido muito melhor do que antes.

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