Inspirada em Bauman, reflito sobre o tempo…
Onde estou nesse momento? Por que decido estar aqui? Essas reflexões sobre o agora e o tempo eu me faço várias vezes durante o dia. Muitas vezes, elas não se referem ao corpo físico, mas sim, ao estado mental, aos pensamentos que cultivo cotidianamente. Assim, acredito que o nosso maior desafio nesta era de informação rápida, desta “Modernidade Líquida” -, como assim se refere o grande filósofo Zygmunt Bauman, é cuidar desse tempo que escorre por nossas mãos, dessa vida toda que muitas vezes deixa de ser bem desfrutada por conta dos fatores externos. Vivemos numa época turbulenta, onde a angústia e as preocupações sequestram os sonhos. As expectativas frustradas blindam sentimentos bons e assim a existência segue. Basta perceber os olhares, muitas vezes cansados, de pessoas que parecem ter perdido a vontade de virar a mesa, de recomeçar.
Sentir o agora, o ar que flui e a força da natureza que nos rodeia parece ser uma atitude sábia nesses tempos caóticos. Quantas vezes por dia você parou alguns minutos para apreciar a lua ou o sol? Quando você está andando apressado(a) entre um compromisso e outro, já experimentou sentir a existência que vibra ao seu redor? Ao alimentar-se, já tentou realmente degustar o que está ingerindo? Faço esses questionamentos para você, estimado leitor, pois já os fiz e os faço para mim mesma frequentemente.
Sou uma pessoa ansiosa por natureza, genética mesmo, italiana ligada nos 220 volts. Porém, a psoríase que tenho desde criança tem me ensinado a controlar os níveis de ansiedade por meio da meditação, contemplação e prática intensa da espiritualidade. Se eu não trabalhar a ansiedade, a psoríase fica ainda mais forte na pele, então esse problema me trouxe possibilidades de soluções e eu agradeço por isso.
Neste contexto acelerado, há também o outro lado para ser analisado: a procrastinação. Devido ao excesso de compromissos, a tendência de deixar muitas coisas para depois é um péssimo hábito cultivado por muitas pessoas e resulta em um estresse ainda maior. Conheço pessoas talentosas que simplesmente deixaram-se levar pela procrastinação e tiveram carreiras e vida pessoais comprometidas. É simples: pense seriamente que o depois pode ser um lugar que não existe e faça o que precisa ser feito quando necessário.
Por isso, acredito que a busca do equilíbrio é essencial, não opcional. Tentar viver o agora da melhor maneira possível, sem se esquecer das aprendizagens do passado e mesmo planejando o futuro, pode ajudar muito nesse processo de amadurecimento interior e na vida com mais qualidade nesses tempos liquidamente frenéticos!