Recentemente, tive lições para uma vida inteira com a transição de uma parenta muito especial para mim e toda família. Não gosto do termo ‘morte’, pois eu não acredito nela. Particularmente, creio que não morremos, mas sim, nos transformamos, mudamos de roupa, de lugar. Viajamos para além dos mundos, onde tudo ainda é um grande mistério.
Ela queria viver muito. E ela viveu: entre tantas coisas, foi professora, e educou gerações, amou muito e foi amada pelos seus alunos, admirada pelos seus colegas, familiares e amigos. Nas plantas e flores de sua casa encantada, tia Edite cultivou a VIDA em todas as suas formas.
Somos tão breves, somos tão complexos, somos seres humanos. Às vezes, a existência parece tão longa, os anos passam vagarosamente para alguns. Outras vezes, parece que o tempo voa e tudo passa tão rápido que mal conseguimos acompanhar os fatos. Qual é o segredo da felicidade? Será que existe um segredo?
Quando me lembro da tia, me recordo do seu belo e amplo sorriso nos chamando para celebrar as coisas simples e belas do cotidiano. Talvez este seja o segredo(?), saber observar a beleza que reside nos detalhes, nas flores, na natureza. Certa vez, subimos o morro da casa onde ela residia em Jaguari/RS e ficamos um bom tempo observando o horizonte. Era verão, o sol brilhava forte e nós filosofamos muito sobre o que é felicidade. Nunca me esquecerei daquele momento, é a recordação que desejo guardar no meu coração.
A vida tem seu fluxo, sábio e divino, não nos cabe questionar alguns de seus mistérios. Precisamos sim, rever muitas coisas quando alguém que gostamos cumpre seu tempo nesta etapa da evolução. Entre o luto e a aceitação, ficam valiosas lições para uma vida inteira. A gratidão pela chance única de ver o sol raiar e a chuva molhar a terra, o fato de respirar, o ato de viver: tudo isso é sagrado por mais óbvio e comum que pareça. Desejo que esta brevidade que é estar aqui, neste instante, se eternize nos corações daqueles que eu quero bem, assim como eternizei em mim o sorriso da estimada tia Edite.
Para finalizar, cito Sêneca (Sobre a Brevidade da Vida) quando declara:
“Se pudéssemos apresentar a cada um a conta dos anos futuros, da mesma forma que se faz com os que já passaram, como tremeriam aqueles que vissem restar-lhe poucos anos e como os economizariam! Pois, se é fácil administrar o que, embora pouco, é certo, deve-se conservar com muito cuidado o que não se pode saber quando acabará.”
Por isso, precisamos reaprender o quão sagrado é o tempo e este instante! Viva e faça um grande favor a si mesmo: SEJA FELIZ!
