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Lígia Rosso

O deserto de cada um…

Sempre fui fascinada pelos desertos do mundo, pois acredito que a imensidão de suas dunas de areias nos mostram o quanto somos pequenos diante dessas grandiosas obras da natureza. Talvez cada deserto queira nos mostrar algo ainda mais importante e profundo, talvez cada um deles esteja nos chamando para arriscar o próximo passo rumo ao desconhecido, mirando em horizontes incertos, por vezes ofuscados pelo calor do sol.

Foi na minha andança mochileira em janeiro de 2016, que decidi caminhar por cerca de 10 km na areia escaldante do pequeno e belo ‘deserto uruguaio’, o qual fica entre Valizas e Cabo Polônio, praias totalmente diferentes, onde a gente sente a vida pulsar de tão conservadas e naturais que são. 

Inicialmente eu iria caminhar sozinha, num processo de reflexão e contemplação. Porém, vida de mochileiro é em hostel e no hostel se faz muitas amizades. Assim, minha querida e até hoje amiga, Fa Brisa (professora, mochileira, natural do Espírito Santo), decidiu vir junto nesta aventura. Embarcamos no Terminal 

O deserto de cada um...
            Deserto Uruguaio = perfeito!

Três Cruzes de Montevideo, às 3h da madrugada, rumo a Valizas, onde chegamos no amanhecer. 

Após contemplarmos o sol nascer, iniciamos a nossa jornada, confiantes e dispostas a todas as contemplações possíveis. Quanto mais caminhávamos, intercalando momentos de absoluto silêncio e alguns de conversas, entre uma parada e outra, novas formas se revelavam nas areias ao nosso redor.

Em alguns momentos, sem uma razão aparente, eu chorei. Aquela caminhada no pequeno deserto foi se tornando grandiosa dentro do meu ser, algo mais forte do que o sol de um verão escaldante, me fez questionar muitas coisas da minha própria vida a cada passo que eu dava. Depois de cerca de 6 horas de caminhada, chegamos a Cabo Polônio, praia linda e preservada, onde o mar nos abraçou com ondas mansas e paisagens inesquecíveis.

O banho de mar no final da jornada compensou todo o cansaço. O céu azul brindou nossos olhos com a linha infinita do horizonte. Deitada na areia, refleti sobre a importância de olhar para os nossos desertos interiores, percebendo quais dunas de areia devemos ter coragem de transpor e até quando vale a pena caminhar para chegar onde sinaliza o farol (durante a caminhada, avistávamos o Farol de Cabo Polônio bem pequenino no horizonte).

Eu tenho meus desertos, acredito que cada um tem o seu também. Algumas pessoas ficam paralisadas diante das dunas gigantescas, com medo do que se revelará depois. Outras, decidem transpor as dunas, mesmo que isso signifique se esfolar em algum momento.

O importante é ter coragem para trilhar nossos desertos, pois em algum momento surgirá o oásis interior caracterizado por uma plenitude indescritível. Com a proximidade do ano novo, vale parar uns minutinhos e questionar a si mesmo sobre qual é o seu deserto e como você fará para trilhá-lo.

O deserto de cada um pode ser uma benção ou uma maldição. Pode ser trilhado ou não. Mas sempre será deserto pronto para nos fazer pensar menos e sentir mais.

 

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